Tags: meio ambiente, prancha de surf, madeira, co2, dióxido, de, carbono, footprint, carbon, poluição, descarte, reciclagem, nocivo, saúde,
Dentro de um universo de infinitas possibilidades para se realizar a prática do surf, temos um grupo de pranchas de surf que compõem as principais escolhas do surfista, na hora de adquirir uma nova prancha. Existem muitas variações, modificações, contudo classificaremos em 3 grandes grupos para facilitar o entendimento:
· Pranchas Soft
· Pranchas Convencionais – Núcleo de Espuma
· Pranchas de Madeira
O surfista, em contato direto com a natureza, se vê na obrigação de conservar o máximo possível a nossa biosfera, em especial, o mar e as praias, que é o local onde o surfista vive o seu momento mágico.
No entanto, a prática do esporte ainda depende muito de equipamentos derivados do petróleo, de difícil (ou até impossível) descarte/reciclagem. Estima-se que 80% dos equipamentos de surf venham da indústria petroquímica. Mas que mal há nisso? Quais os impactos para a natureza e para o nosso futuro?
Primeiramente, os derivados do petróleo são substâncias que devem passar por inúmeros processos químicos e elevações de temperatura, para transformar a fração extraída do petróleo no produto final. Com isso, durante as reações químicas, ocorre a geração de resíduos nocivos, que se não descartados perfeitamente, além de poluir o ecossistema, também colocam a nossa saúde em risco.
Outro ponto importante são as “pegadas de carbono” (Carbon Footprints). As Carbon Footprints, de nome autoexplicativo, são os rastros de Dióxido de Carbono (CO2) deixados ao longo de todo o ciclo de vida de um determinado produto. Esse CO2 pode ser gerado através da queima de combustíveis fósseis, produção e consumo de produtos, transporte, entre outros serviços.
No caso das pranchas de surf, muita energia é gasta desde a extração do petróleo do solo até a obtenção do produto final. E para a geração dessa energia que irá abastecer os numerosos processos (químicos, mecânicos, térmicos), mais combustíveis fósseis são queimados, e consequentemente, mais CO2 é gerado.
Além da queima, o CO2 vem também como produto de muitas reações químicas. Assim, temos a geração massiva de CO2 a partir de inúmeras fontes!
Uma tese de mestrado de Tobias C. Schultz, Universidade de Berkeley, California estimou que a quantidade liberada de CO2 na produção de pranchas de surfe nos EUA (6’0 de 2,5kg), pode variar entre 170kg e 250kg em emissão de CO2 durante todo o seu processo!
Para fazer um comparativo de quanto uma árvore pode absorver de CO2 (na tentativa de compensar os excessos de sua geração): “Um estudo realizado pelo Instituto Totum e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica, estima que cada árvore da Mata Atlântica absorve 163,14 kg de gás carbônico (CO2) equivalente ao longo de seus primeiros 20 anos.”
Dessa forma, você pode ver que em média, ao longo de 20 anos de vida, uma árvore da mata atlântica ainda é incapaz de absorver todo CO2 gerado por apenas 1 prancha de surf!
Tanto no Brasil, como no resto do planeta, sabe-se que o descarte e a reciclagem são assuntos de frequente debate. De fato, é muito simples descartar uma prancha de surf na lata de lixo e imaginar que tudo aquilo será reciclado e/ou reutilizado. Mas na prática, não é isso que acontece.
“Descartar uma prancha no lixo comum não é uma boa solução, se considerarmos que, apenas no Brasil, a indústria do surfe movimenta cerca de 1,6 bilhão por ano e produz, no mesmo período, cerca de 50 mil pranchas (de acordo com o estudo de Grijó e Brügger)”
“Infelizmente, ainda não existe uma alternativa correta de descarte para pranchas de surfe em larga escala e que seja de fácil acesso aos surfistas de todas as regiões do mundo. A alternativa mais viável para danificar o menos possível o meio ambiente é descartar os resíduos das pranchas em aterros industriais ou em aterros específicos para lixo tóxico e assim evitar qualquer tipo de contaminação.”
As pranchas de surf são, ainda, em geral, um produto ecologicamente hostil, feito de materiais e práticas insustentáveis. É quase injusto que os surfistas reclamem da saúde dos oceanos que tanto amam, quando contribuem intensamente para a sua poluição toda vez que compram uma nova prancha!
Isso sem contar que a reutilização/reciclagem das pranchas de surf convencionais ainda não estão ao acesso da grande maioria. A opção menos nociva seria descartar as suas pranchas em aterros sanitários especiais – e claro, evitar ao máximo o fomento dessa indústria!
Ao adquirir uma nova prancha, tente mentalizar todos os processos que foram feitos até se chegar no produto que está nas suas mãos. Essa é uma prática saudável e não se aplica somente às pranchas de surf!
O site Design Life Cycle sugeriu como alternativa sustentável, a utilização de pranchas de surf feitas à partir de antigos métodos de construção em madeira oca, que estão sendo estudados e aperfeiçoados por alguns poucos shapers e engenheiros ao redor do planeta.
O nosso maior desafio é conseguir fazer com que a tecnologia desse processo se aproxime da tecnologia das pranchas de alta performance, de forma que ainda seja acessível ao surfista.
Opte sempre por produtos de matérias primas sustentáveis, faça a diferença para o planeta, comece a mudança por você!
http://www.designlife-cycle.com/surfboards/
http://www.eps.co.uk/pdfs/eps_and_the_environment.pdf
http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.605.1046&rep=rep1&type=pdf
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